O contraste de realidades analisado na periferia de Pelotas, especialmente no primeiro lugar visitado, a poucos minutos de um meio urbano cotidiano, é assustador. Além da tamanha precariedade de vida observada, a surpresa gerada por um ambiente próximo e ao mesmo tempo isolado, denota a exclusão e o esquecimento dessas áreas tanto pela sociedade quanto pelos órgãos responsáveis.
A vivência em meio ao lixo é um dos primeiros focos de atenção: crianças aprendendo a brincar em verdadeiras lixeiras e entre animais como porcos e cães. O fato dá a terrível e clara impressão de uma sociedade generalista e cruel que vê este cenário como se tudo - até mesmo as pessoas – representassem matéria a ser descartada.
Para que se conserve o lixo de maneira adequada, considerando-o essencial à sobrevivência dos moradores, e assim, se garanta uma merecida qualidade de vida a eles, é estritamente necessário o investimento em infraestrutura. Deve-se, acima de tudo, priorizar boas moradias em locais regulares no aspecto do planejamento ambiental e garantir os serviços básicos de água e energia. Seria muito relevante, também, um planejamento urbano que contemplasse projetos de pavimentação de acessos, iluminação, disposição de parques e praças públicas e até mesmo um serviço de lazer, com vistas na proximidade de rios.
A valorização das periferias urbanas, de modo que se possa atrair o restante da população será, portanto, geradora de investimentos e recursos que mudarão as perspectivas de vida desses humildes moradores. Daí resulta a importante função do arquiteto e urbanista como reformador de um amplo sistema da sociedade. Transformar os sonhos subscritos no olhar de uma criança em uma futura realidade palpável será a melhor recompensa.
Por Roberta Casarin.
THAU II
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