Ao visitarmos centro e periferia da cidade de Pelotas, nos deparamos com uma diversidade enorme de situações, algumas profundamente antagônicas, como o completo abandono das periferias e tentativas constantes de planejamento do centro da cidade.
É sabido da dificuldade de planejamento urbano, no que diz respeito a conciliação entre centro e periferia, pois há a tendência de a periferia sempre ficar com a parte mais problemática da cidade, como fábricas que poluem, aeroportos barulhentos, aterros sanitários, depósitos de lixo perigosos,plantas industriais de produtos tóxicos e outras atividades de risco.
“A ocupação ilegal de áreas ambientalmente frágeis, traz pesados efeitos em termos de degradação dos recursos hídricos do solo, das condições de saúde e dão origem a um conflito sócio-ambiental de grandes proporções. De um lado estão os interesses de famílias menos abastadas, que moram em pequenos casebres onde investiram suas economias enquanto eram ignoradas pelo poderes públicos e que lutam contra processos judiciais para retirá-los do local . Do outro lado, está o poder público que com interesses em torno da preservação e recuperação de mananciais e corpos d ‘água”.
Para que isso não ocorra, é necessário que haja fiscalização no que diz respeito à áreas protegidas ambientalmente nas margens dos rios e canais , para que não aconteça a apropriação dessas áreas, tornando muito difícil a retirada das famílias já instaladas no local. É necessária também a construção de loteamentos para famílias de baixíssima renda, para que fiquem acomodadas em local com o mínimo de estrutura de esgotos e com dignidade.
Vale lembrar que, apesar das poucas condições de sobrevivência, as pessoas da periferia de Pelotas ainda preocupam-se com a estética de suas residências, tentando de alguma maneira torná-las mais agradáveis visualmente. Notamos que a criatividade dessas pessoas é enorme no que diz respeito a utilização de materiais diversos, como garrafas pet, latas de alimentos, lonas e outros materiais não utilizados em construções comuns, o que seria um desafio de projeto para qualquer engenheiro ou arquiteto.
*A parte do texto entre aspas é das professoraras da UFMG, Heloísa Soares de Moura Costa e Tânia Moreira Braga no X Seminário sobre a Economia Mineira em 2002.
Carolina Alves
Maria Cristina Schuch
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